Artigo: “19 de agosto – Dia do Ciclista: Nem paz e Nem guerra”, por Alexsandro Reis
17 de agosto de 2018 |
Desde o ano de 2017, neste domingo dia 19, comemora por decreto lei o “dia nacional do ciclista”, a data foi atribuída onde nesse dia, em 2006, um estudante de biologia prestes a se graduar, Pedro Davison 25 anos, foi alvejado e morto em pleno Eixo Rodoviário do Distrito Federal, onde causou grande comoção regional. Controvérsias de lado a respeito da data, sem desmerecimento por parte dessa homenagem à este jovem que tinha todo um futuro pela frente, é o que se presume de Brasília, que os políticos veem e se espelham no que acontecem dentro do mundo deles. É importante lembrar de que há vários “Pedro Davison” acontecendo ao redor do país, uma grande fatalidade a ser lembrada aqui em Cuiabá é do advogado José Eduardo Carvalho 59 anos, não só o atleta ciclista, independentemente de sua condição financeira e social, era um apaixonado entusiasta pela prática do ciclismo, que teve sua vida “ceifada” em 31 de dezembro de 2014 em mesmo teor covarde á de Davison. Precisamos de Brasília não somente a lembrar uma data, mas sim a fomentar politicas sérias e de efeito de mobilidade urbana onde o ciclismo é parte integrante e indispensável, bem como também seria muito bem vindo punições sérias a esses irresponsáveis no trânsito através de leis e judiciário mais rígido.
Problema é que me parece que no Brasil ainda há um desdenho profundo em relação a bicicleta, pensam que isso é coisa de criança ou coisa de pobre, para os políticos devem ser invisíveis, afinal disfrutam de transporte público de “ultra-primeiro mundo” com suas carruagens de aço individuais (geralmente carros de luxo) pagas pelo contribuinte. Pois bem, a quem pensa desse modo posso lhes dizer que a bicicleta é o meio de transporte mais eficiente inventado pelo homem até hoje “quiçá” provavelmente por milênios: Um veículo barato de se construir, tecnologia de produção em massa simples, fácil de aprender a conduzir, evidente eficiência pois você se desloca trajetos urbanos moderados com baixo esforço, não poluente e fácil de ser reciclado, e principalmente, com capacidade formidável de se integrar a todo e qualquer tipo de modal de transporte com baixos custos de infraestrutura. Por si só pela definição de suas atribuições aqui no Brasil poderia ser visto como solução e não como empecilho para as cidades.
E se você ainda acha que merece “mais” direito por que está pagando IPVA de seu automotor, interessante saber que aqui o valor absoluto de taxação de imposto sobre a bicicleta é de cerca de 70% de tributação, contra 35% do valor estimado para os veículos automotores, hoje inclusive o mercado de bikes estão é competindo contra os “smartfones e tablets” ao público infantil, pois é mais cômodo e mais barato para os pais comprarem um desses aparelhos modernos do que comprar uma bicicleta onde seu filho irá aprender não só a praticar exercício, mas praticar a conviver com o espaço urbano e conviver outras pessoas reais de verdade.
Infelizmente aqui no Mato Grosso pode ser vista como reflexão de todo esse desdenho, atropelamentos com a justificativa de que “simplesmente não tinha visto”, no interior do estado é um problema alarmante, já que no início dessas cidades a solução viável antigamente, ante a falta de estradas e dificuldade de se chegar e ter um carro e não raro a falta de combustível, o meio era recorrer á bicicleta; então já era pra se ter uma cultura da “magrela” bem solidificada. E aqui em Cuiabá, o legado que a Copa nos deixou: vias unicamente exclusiva para automotores excluindo sistematicamente os outros meios de locomoção local. O tão famigerado VLT, vista como solução de primeiro mundo, que poderia facilmente integrar o modal ciclístico parecem que deixaram de lado: como irão querer tentar viabilizar um transporte ferroviário de massa excluindo outros meios de integração que poderá atrair maior número de usuários.
Prestes com a data vem sempre essas conclamações de “paz no trânsito”, traz a todos essa espécie de sentimento coletivo de remorso, e nos faz questionar o porquê de tanta violência descabida nas ruas. Vejo que é importante lembrarmos todo dia a respeito desse assunto, não é sentirmos remorso e nem se revoltar, mas lembrar todos os dias sem ter uma data específica pra isso: de que “devo tratar os outros como gostaria que eu fosse tratado”, parece ser coisa difícil de pôr em prática mas acho não é. Primeiramente é saber que os outros existem, Este “próximo” ser desconhecido, mas não é invisível, e depois lembrar de que ele tem o direito de igualdade, independente de que tipo veículo está utilizando “nem mais e nem menos”, e também porque não lembrarmos de que somos seres humanos propensas a falhar, então nem sempre quando outro lhe dá uma fechada brusca, ás vezes pode ser um erro involuntário por parte do outro, e não uma ameaça de agressão contra ti ou contra a sua caixa metálica com rodas.
Arquiteto Alexsandro Reis: Profissional Liberal, graduado pela Unic – Universidade de Cuiabá em 2005, e também sim: “ciclista que também foi alvejado covardemente, mas que contou com a sorte de que outros não tiveram”.