Arquitetos afirmam que existe o risco de a taipa desaparecer
11 de março de 2014 |
Arquiteto e fotógrafo, Cydno Silveira tem uma relação de amor com as casas de taipa há 30 anos. “Na Alemanha, se faz taipa até hoje. Mas o governo brasileiro obedece a um cartel das construtoras que não se interessam em fazer taipa. E não sabem fazer. Quem sabe fazer é o povo.” Ele rodou o Nordeste durante um ano sob financiamento da Organização das Nações Unidas (ONU) em pesquisas sobra taipas.
“Cheguei à conclusão de que o ser humano sabe fazer o abrigo dele como qualquer animal. Quando arrebenta em algum canto, ele sabe ajeitar. Ele cria um vínculo com a casa que, para a burocracia do poder público entender, é difícil”.
Ele rebate a tese do Estado de as casas de taipa serem frágeis e oferecerem risco à saúde por conta do barbeiro. “Mantenho casas de taipa com mais de 30 anos e que estão funcionando sem problema nenhum. Mas enxergo ameaça. Esses cartéis são perigosos. Existe o perigo de a taipa desaparecer.” Silveira acredita que o estímulo à construção de casas de taipa teria reflexo na redução do déficit habitacional brasileiro.
O arquiteto e urbanista Diego Zaranza pondera que o levante de uma casa de taipa também requer a orientação de um profissional. “Quando mal executada, a construção pode se degradar em pouco tempo, apresentar rachaduras e fendas. Um dos cuidados que devem ter ao construir casas de “taipa” é de impermeabilizar as partes com barro e evitar que as madeiras fiquem em contato com o solo.”
Conforme Zaranza, casas de taipa podem, sim, ter longa durabilidade. “Houve evolução na forma de construir com pau-a-pique. As madeiras deixaram de ser fixadas no solo, pelo fato de apodrecerem rapidamente, suas amarrações passaram a ser com outros materiais, fibra vegetal e arame galvanizado. No Chile, têm surgido construções utilizando uma variação desta técnica, a tecnobarro. A madeira estrutural é substituída por malha de ferro, preenchida com barro através de equipamento apropriado”. (Bruno de Castro)
Fonte: CAU/BR
Comunicação CAU/MT