Artigo: “Faltam ciclovias”, por Tânia Matos
10 de agosto de 2016 |
A mobilidade vem recebendo destaque em todos os centros urbanos nos últimos anos, devido o excesso de veículos que transitam diariamente pelas vias urbanas. Atualmente não são só as metrópoles que enfrentam problemas com congestionamentos de veículos, as cidades médias já estão vivendo esse dilema. O que se percebe com clareza é a falta de investimentos em novas vias e a adequação ou ampliação das já existentes para que possam receber novas alternativas de modais menos nocivos ao ser humano. Se não bastassem os problemas ocasionados com os congestionamentos diários, outros são agravados pelo aumento massivo da circulação de veículos, a exemplo, a poluição do ar.
Ao contrário de veículos com propulsão a motor, a utilização da bicicleta como meio de transporte propicia outros benefícios aos usuários. Neste contexto, utilizar esse modal de forma adequada e segura aponta ser uma alternativa eficaz que contribuirá para: redução de gastos com transportes, prática esportiva, prevenção de doenças, redução dos congestionamentos de trânsito, da poluição do ar, entre outros.
Para promover a sua utilização é necessária a readequação na geometria do sistema viário de forma a garantir conforto e segurança aos usuários. É preciso garantir e priorizar no espaço urbano o deslocamento de pedestres, de ciclistas e de usuários de transporte público coletivo, em detrimento ao que acontece atualmente, onde os veículos particulares têm prioridade.
Um dos fatores que estimula a utilização de automóveis é a concentração de atividades, como serviços, comércio e outros na região central das cidades, isso faz com que a população tenha deslocamentos mais longos e utilize veículos para vencer essas distâncias. A utilização de veículos motorizados reduz a segurança nos deslocamentos a pé ou por bicicletas, geralmente realizado pela população de baixa renda residente nas periferias urbanas.
No cotidiano das cidades a bicicleta é o meio de transporte mais eficiente e rápido para percorrer pequenas distâncias. Segundo alguns autores a distância ideal a ser percorrida com bicicleta é entre 2 e 3km, admitindo-se o deslocamento de até 6 km. No caso de vias com grande fluxo de veículos e velocidade permitida igual ou superior a 60 km/h, é indicada a implantação de ciclovias; já nos casos de vias com pouco fluxo e velocidade máxima até 60 km/h podem ser implantadas ciclofaixas. Priorizar a construção de ciclovias e ciclofaixas é a forma de garantir a utilização desse modal de transporte individual com conforto e segurança.
Uma das alternativas para a sustentabilidade urbana é seguir as premissas do novo urbanismo que defende funções mistas – habitação e trabalho – para os bairros, com objetivo de torná-los autossuficientes, de maneira que as pessoas possam se locomover a pé ou de bicicleta.
O planejamento urbano articulado de forma harmônica entre o ambiente natural e o ambiente construído, que comporte um sistema de transporte contemplando a bicicleta como novo modal, certamente irá contribuir para resolver parte dos problemas da mobilidade urbana. É preciso promover e vincular a imagem da bicicleta como um meio de transporte acessível e eficaz, e não mais apenas como um instrumento de lazer. A bicicleta se apresenta como uma das alternativas para minimizar o intenso tráfego de veículos nas grandes e médias cidades.
Muito se fala sobre a importância e a necessidade de buscar novas formas de locomoção que contribua para a solução dos problemas existentes referente à mobilidade urbana. A bicicleta apresenta-se como uma das alternativas, mas para que esse modal se torne viável é necessário o comprometimento do governo, em todas as suas instâncias, seja por meio de campanhas educacionais de esclarecimentos, seja na elaboração e execução de políticas de incentivo, e principalmente por meio de implantação e adequação de vias públicas de maneira a possibilitar o uso desse modal com segurança, seja por meio de ciclovias ou de ciclofaixas. Só assim será possível proporcionar acessibilidade e mobilidade urbana de forma sustentável, segura e com qualidade.
Tânia Matos é Arquiteta e Urbanista, Administradora, Pós-graduada em Gerência de Cidades, Doutoranda em Administração e Presidente da Agência Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá.
E-mail: maristenematos@gmail.com