Artigo: “População ativa em praças vivas”, por Jandira Pedrollo

Treino realizado na Praça Poliesportiva do Bairro Jardim Tropical, em abril de 2022.

Praças públicas de Cuiabá e de Várzea Grande tem recebido a atenção das municipalidades com o tratamento paisagístico desses valorosos espaços. Em Cuiabá estão sendo equipadas com quadras esportivas, academias de ginástica, pistas de caminhada, parques infantis, e ainda, os parques para cães, como nas praças do Jardim Tropical e Jardim das Américas.

Observei algumas com intensa utilização, principalmente em fins de tarde, pela meninada e população adulta, como os pais, avôs, babás, entre outros. Os adolescentes pouco frequentam, talvez por falta de atrativos. Ressalto a praça no Jardim Universitário que após a implantação da pista de skate, tem sido bem utilizada.

Sobre os novos parques infantis, com equipamentos tradicionais em madeira, confesso que não senti muita receptividade pela criançada, acabam por preferir a academia, a princípio com foco para os adultos.

Referente aos equipamentos da academia, por não possuírem regulagem de alturas e distâncias, nem sempre são utilizados como deveriam. Alguns, instalados recentemente, já estão se desprendendo do solo.

Observei áreas muito bem elaboradas, os parques para cães. São protegidos e com equipamentos diversificados para os animaizinhos.

Mas o que me levou a escrever foi observar a periodicidade da utilização das praças, início e final do dia, fora desse período estão sem vidas humanas.

Entendo que se fossem compostas por áreas gramadas, vegetação arbustiva e arbórea, e, ainda, fontes de águas para umidificação do ar, iluminação de excelência, as praças teriam atratividades diuturnamente, levando à sua maior utilização.

Porque não tentar dar mais vida às praças? Levar pessoas! Afinal é para elas que foram implantadas objetivando o bem estar coletivo.

Porque não a criação de recantos com bancos e mesinhas? Proporcionaria o convívio social dos usuários. Esses recantos poderiam servir para jogos de mesa, piqueniques ou mesmo apoio para os pais que precisam levar as “tralhas” dos pimpolhos e contribuiriam para agregar a população de todas as idades.

Outra questão é com relação à utilização das praças para a promoção de atividades físicas com a população adulta, em especial a da terceira idade. A municipalidade poderia implantar um projeto com esse fim. O afastamento social de grande parte da população não economicamente ativa foi agravado pela pandemia. O isolamento necessário ao seu controle tem provocado transtornos, como exemplo a depressão causada pela falta de convívio social, assim como de atividade físicas e de lazer.

Pensando nisso, e no melhor aproveitamento dos espaços existentes, proponho que seja implantado nas diversas praças e parques públicos da cidade um programa para a promoção da saúde física e mental da população. Seria implementado com a contratação de profissionais habilitados para a orientação nos exercícios a serem realizados pelas turmas matriculadas. A princípio a ser executado nas praças existentes, porém, em curto período de tempo, estendido especialmente aos bairros mais carentes e afastados das áreas centrais e em horários diurnos e noturnos, conforme adequados à população local.

São pequenas ações e intervenções que trazem benefício a toda a sociedade. Além da promoção da saúde física e mental, proporcionaria a integração entre os moradores. Esse inter-relacionamento refletiria na segurança pública, quanto mais coesa uma comunidade menor os problemas de violência entre a população. Promovendo o bom uso dos espaços públicos estaremos coibindo o mau uso e sua consequente degradação.

Esse é um convite para vivermos as praças da nossa Cidade Verde.

Jandira Maria Pedrollo, arquiteta e urbanista, foi Diretora de Pesquisa e Informação do Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento Urbano de Cuiabá, Assessora técnica do CAU/MT e Diretora de Planejamento da Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá, é membro da Academia de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso – AAU/MT,  jandirarq@gmail.com.

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