Artigo: Reforma do Memorial Rondon, por Paulo Sérgio
11 de março de 2021 |
Dos 15,8 milhões destinados pela Sudeco, R$ 5 mihões são para o Memorial Rondon.
Sobre a matéria acima publicada no jornal A Gazeta, de 08/03/2021, de pronto, sou absolutamente contra gastar mais R$ 5 milhões para reformar o Memorial Rondon.
Já fui contra, continuo contra e serei contra.
Agora, explico melhor por que…
Nada contra a memória do Marechal Rondon, engenheiro e sertanista, uma das personalidades mais importantes da nossa história, notadamente no setor de telecomunicações e cultura indígena. É reverenciado em todo o mundo, muito mais que aqui no Brasil. Nem sou contra o local do memorial, região onde nasceu, entre os municípios de Santo Antônio do Leverger e Barão de Melgaço.
Em 2015, apresentei sugestão à gestão do ex-governador Pedro Taques, que para gastar milhões para a conclusão do Memorial Rondon, antes deveria se pensar num projeto para rota turística, visando criar atrativos para a região do entorno. Argui que ninguém iria visitar o Museu, com relativa distância da capital mato-grossense (pouco mais de 100 Km), se durante todo o seu trajeto não houvesse mais atrativos e, ainda, caso contrário, se tornaria num “elefante branco”.
Mesma ideia, sugestão e argumento, encaminhei para o atual governador, Mauro Mendes, logo após tomar posse.
E qual seria a ideia do projeto da rota turística?
O projeto é amplo e engloba participações de governo, prefeituras e iniciativa privada, dentre eles:
- Começando pelos acessos: por rodovia, com asfalto de qualidade e por hidrovia, barcos-chalana, com restaurante, partindo de Cuiabá. Na região do Porto, na Av. Beira Rio, seria construído cais flutuante para embarque e desembarque do barco, cujo trajeto passaria pelo Museu de História Natural, na Casa Barão de Melgaço, pelas ruínas e museu da antiga Indústria Itaici e orlas dos municípios de Cuiabá, Santo Antônio do Leverger e Barão de Melgaço. Nestes municípios, também com cais flutuante.
- No conhecido Morro de Santo Antônio, poderia ter uma gigantesca estátua de santo que leva o seu nome. Local onde, segundo historiadores, estiveram os bandeirantes antes de escolher o local da fundação de Cuiabá.
- Para acesso ao topo, teleférico, escadaria e plano inclinado, além de continuar o local para escalada e rapel dos que assim preferem chegar ao seu topo.
- Embaixo, estacionamento e barracas padronizadas para microempresários da região, propiciando melhoria de renda com a venda de artesanatos, farinha e doces da região. A exploração e segurança do local poderia ser terceirizada, até mesmo por uma associação desses mesmos microempresários.
- Prosseguindo, melhoria na infraestrutura e revitalização das orlas dos municípios de Santo Antônio do Leverger e Barão de Melgaço (li numa reportagem que o Governo do Estado de Mato Grosso já está cuidando disso), compreendendo apoio e crédito barato para construções e reformas dos bares, restaurantes, hotéis e demais ligados à trade turística. Junto e necessariamente agregado, capacitação para qualidade do atendimento, onde uma parceria com o Sebrae-MT poderia contribuir muito. Evitar o precário atendimento hoje nos locais, semelhante ao que acontece em Chapada dos Guimarães.
Enfim, o projeto envolveria algumas Secretarias de Estado (Turismo, Trabalho e outras), que daria sustentação turística para toda a Região.
Dessa forma, aprovaria sem qualquer dúvida, a reforma do Museu Rondon, pois faria o público visitar o Memorial Rondon, tornando-o autossustentável e compensaria os valores investidos na região pelo poder público e propiciando oportunidades, emprego e renda para a população. Caso contrário, continuará a ser um grande “elefante branco” e recursos jogados fora.
Paulo Sérgio de Campos Borges é Administrador, Arquiteto e Urbanista. Formado pela Universidade de Cuiabá – UNIC. E-mail: paulobor100@gmail.com
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Concordo plenamente.