Barragem de Mariana não tinha projeto executivo, diz MP de Minas
18 de janeiro de 2016 |
Autorização para a construção foi feita apenas com dados básicos
A barragem do Fundão, em Mariana, foi executada sem projeto executivo, segundo apurações do Ministério Público de Minas Gerais reveladas pelo programa “Fantástico”, da TV Globo, em sua edição de 17/01/2016, com base em documentos obtidos com exclusividade.
Documentos do MP obtidos com exclusividade pelo programa mostram que a combinação de diversos fatores ocasionou o rompimento da barragem em novembro de 2015. Trata-se da maior tragédia ambiental já registrada no país, que deixou 17 mortes e dois desaparecidos,
O primeiro fator apurado pode ser considerado decisivo para os demais: em 2007 a Samarco obteve autorização para iniciar a barragem sem apresentar o projeto executivo, “uma espécie de plano de vôo com todos os detalhes técnicos”, como descrito pela repórter Cristina Serra.
Documentos do processo de licenciamento mostram que a empresa entregou apenas dados básicos, que mesmo assim foram considerados suficientes pela Fundação Estadual do Meio Ambiente na época. Essa falha permitiu que processo seguisse sem estudos geológicos-geotécnicos, essenciais para se assegurar a segurança da futura estrutura. Os documentos também indicam que desde 2013 a Samarco sabia que a barragem estava em risco.
Um advogado da empresa disse que apresentou os dados técnicos considerados importantes, “talvez não na forma de projeto executivo”, foram apresentados, confirmando a negligência da empresa e do órgão estadual.
Na semana passada, a mineradora Samarco, a Vale, a empresa de consultoria VOGBR e mais sete executivos foram indiciados por crime ambiental, pelo rompimento da barragem de Fundão. Nossos repórteres tiveram acesso aos primeiros resultados da investigação que está sendo conduzida pelo Ministério Público de Minas Gerais.
Assista a reportagem completa:
Documento inédito: Samarco sabia desde 2013 que barragem corria risco
Fonte: CAU/BR