Dia do professor: atuação do arquiteto e urbanista na vida acadêmica
15 de outubro de 2019 |

Foto: Arquivo pessoal
Quais fatores levam um arquiteto e urbanista, a abraçar a docência como profissão? Estabilidade financeira? Vocação? Realização pessoal? Muitos podem ser o fatores que levam esses profissionais a se tornarem responsáveis pelo desenvolvimento do conhecimento, e pela formação de futuros profissionais.
Em comemoração ao dia do Professor, comemorado anualmente no dia 15 de outubro, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso entrevistou a arquiteta e urbanista, conselheira suplente do CAU/MT e professora do curso de arquitetura e urbanismo da Universidade Estadual de Mato Grosso, Juliana Demartini.
A docente contou um pouco sobre as relações entre o trabalho do arquiteto e urbanista e o trabalho do professor de arquitetura e urbanismo, assim como o ensino em Mato Grosso e suas experiências como docente. Confira a entrevista abaixo:
A quanto tempo é docente no curso de arquitetura e urbanismo?
Juliana: Iniciei meu trabalho como docente em 2005, como professora contratada na UNEMAT em Barra do Bugres e desde este momento não mais deixei a sala de aula. Houve momentos em que dividi minha carga horária entre docência e escritório (em parceria ou como autônoma), mas a partir de 2011 quando iniciei o doutoramento decidi me dedicar exclusivamente à Universidade.
Por que um arquiteto e urbanista se torna professor? E por que você se tornou um?
Juliana: Para mim, a explicação para isso não é objetiva e por isso é muito pessoal. A decisão de me tornar professora foi decorrente do meu sentimento de pertencimento ao espaço universitário. Gosto muito de aprender e de compartilhar o que sei e percebi que a sala de aula é uma ótima oportunidade para isso. Com a aprovação da Lei da Assistência Técnica (11.888/2008), como docentes de Arquitetura e Urbanismo também podemos permanecer com o ofício de projetar, a partir de projetos de extensão, e isso foi um aspecto relevante para a minha decisão de ser docente.
Atualmente, quais são os desafios em ser um professor?
Juliana: O desafio hoje é tirar partido da tecnologia que acompanha as/os estudantes dentro da sala de aula. O celular, particularmente, pode ser um bom instrumento de pesquisa durante as aulas, ou ainda podemos utilizá-lo para gerar jogos educativos sobre a cidade por meio de aplicativos (gamificação no ensino), por exemplo. Tornar as aulas mais dinâmicas é fundamental atualmente.
Como você enxerga o ensino de arquitetura e urbanismo hoje no Estado?
Juliana: Preocupo-me com a questão do ensino à distância. Tenho me dedicado também a pesquisar para compreender melhor esta dinâmica de ensinar/aprender, mas ainda não sinto que as partes que compõem o sistema educacional de ensino superior estejam preparadas, não só para Arquitetura e Urbanismo, mas para qualquer área de conhecimento. Percebo um movimento favorável ao ensino à distância no Estado, assim como em todo o país, mas penso que devemos ponderar, analisar melhor as consequências deste tipo de ensino. Apoio a decisão do CAU sobre o EAD.
Quais contribuições um arquiteto pode oferecer a um estudante?
Juliana: Dentro do universo acadêmico buscamos trazer profissionais do mercado para compartilharem suas experiências. Em palestras e nas semanas de Arquitetura e Urbanismo, em geral, são promovidas aproximações entre profissionais atuantes e estudantes e os resultados são positivos. Estágios remunerados também são uma oferta interessante de um profissional a uma/um estudante.
Qual a relação entre o trabalho do arquiteto urbanista e o trabalho do professor de arquitetura e urbanismo?
Juliana: Esta questão pressupõe uma dissociação entre ser docente ou profissional de mercado que, para mim, não existe. Para lecionar disciplinas fundamentais de projeto em Curso de Arquitetura e Urbanismo é necessário ter formação em Arquitetura e Urbanismo, ou seja, não deixamos de ser Arquitetas/os Urbanistas porque nos tornamos professoras/es. Portanto a relação é de unidade, apenas trabalhamos em ambientes diferentes com outros tipos de prazo e exigências burocráticas. O ser Arquiteta/o Urbanista é tão polivalente que permite inclusive atuar dentro do universo acadêmico e mesmo lá, o objeto de trabalho permanece sendo as pessoas e suas relações com o ambiente construído ou a ser construído.