O anexo que virou casa principal
12 de janeiro de 2014 |
Um loft vertical para morar e trabalhar em Portugal
Em pleno século 19 um pequeno palácio foi construído, com dinheiro brasileiro, próximo às muralhas romanas e medievais da cidade portuguesa de Braga. Ao invés de relegar cômodos menos nobres – como cozinha, área de serviço e despensas -, ao sótão, como era comum na época, uma casa anexa lateral ficou responsável por abrigar todos os ambientes que não eram bem-vindos no palacete.
Nos anos 1930, entretanto, as três divisórias do telhado de duas águas, que já existiam, terminaram por delimitar residências distintas, vendidas assim para três proprietários. Ao escritório português Tiago do Vale, ficou em 2013 a missão de restaurar uma das moradias (a de cor turquesa, que fica à esquerda na foto) e transformá-la em uma casa moderna, que também permitisse aos seus moradores trabalhar ali.
O maior desafio do projeto Chalé das Três Esquinas era respeitar a identidade oitocentista do lugar, ao mesmo tempo em que se criava uma morada contemporânea, que, claro, atendesse as necessidades dos habitantes atuais. Por conta da restrita área disponível – o imóvel tem pé-direito alto, mas é bastante estreito – os ambientes foram distribuídos em três andares.
As áreas são hierarquizadas por pisos, de modo que cada novo lance denota mais privacidade aos moradores. No primeiro andar se localiza a área do escritório, no segundo ficam as zonas sociais: a sala de jantar e a cozinha, e no terceiro, o quarto e o banheiro.
A escassez de luz natural, outro problema que deveria ser levado em conta pelo arquiteto, encontrou seu fim assim que a antiga compartimentalização do prédio deu lugar a uma nova organização espacial. A escada que liga todos os pisos não só delimita os ambientes em cada nível, mas também é a responsável pela entrada da luz durante todo o dia. As grandes janelas verticais, em parte influências das moradias brasileiras do período, é outro trunfo para garantir maior luminosidade.
O branco predominante em quase toda a estrutura, das paredes ao teto, incluindo a carpintaria, foi escolhido para dar ainda mais amplitude. O único lugar que destoa é o closet, que se transformou em uma caixa de madeira ao ganhar armários e todas as suas demais superfícies no material. O piso dos três andares continua com a estrutura original, mas foi coberto com pinho americano, e as áreas que precisavam de impermeabilização, como o banheiro, foram revestidas com mármore português, oriundo da cidade de Estremoz.
Fonte: Casa Vogue
Comunicação CAU/MT