O Brasil perde Lelé, o arquiteto que uniu arte e tecnologia
21 de maio de 2014 |
Considerado por Lúcio Costa um dos três mais importantes nomes da Arquitetura Modernista Brasileira, “o arquiteto onde a arte e tecnologia se encontram e se entrosam, o construtor”, faleceu na manhã de hoje (21/05), em Salvador, o arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé. Ele foi responsável por obras que transformaram a forma como o Brasil olhava sua Arquitetura. Desde o trabalho na construção de Brasília, passando pela criação da Fábrica de Equipamentos Comunitários em Salvador, até o desenvolvimento da Rede Sarah de Hospitais, ele soube como ninguém unir técnica e arte, função e sensibilidade.
Lelé estava há longo tempo enfermo em decorrência de um câncer. Seu corpo será velado na Igreja do Centro Administrativo da Bahia e depois transladado para Brasília, onde ocorrerá o sepultamento, na ala de pioneiros do Cemitério Campo da Esperança. Natural do Rio de Janeiro, tinha 82 anos. O arquiteto deixa três filhas e três netos.
Para Haroldo Pinheiro, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, “a morte de Lelé significa a perda de um profissional de extrema solidariedade, comprometido com a dimensão ética da arquitetura, que colocou seu domínio completo da arte de projetar e construir a serviço sobretudo de obras públicas para programas sociais. Por falta de uma cultura arquitetônica maior, o País talvez não tenha conhecimento exato dos méritos dele, do quanto ficamos empobrecidos culturalmente nesse momento. E justamente quando a sociedade exige cidades com espaços e equipamentos coletivos de boa qualidade, frutos de propostas criativas, uso com sabedoria da tecnologia e economicidade. Além disso, do ponto de vista pessoal, perco meu mestre, pois com ele trabalhei de estudante até agora”.
O arquiteto brasileiro será um dos homenageados da 14ª Bienal de Arquitetura de Veneza, que começa no dia 7 de junho. Sob o título “Fundamentais”, a Bienal se propõe a apresentar como as arquiteturas nacionais absorveram a modernidade e como eventualmente a mantiveram. Lelé será apresentado como uma espécie de ponte entre os arroubos formalistas da primeira fase do modernismo no país e o uso desse repertório em obras mais funcionais.
Fonte: CAU/BR