Paulo Mendes da Rocha receberá o Leão de Ouro da Bienal de Veneza
9 de maio de 2016 |
O arquiteto, “um modelo para muitas gerações”, será premiado pelo conjunto de sua obra
O arquiteto e urbanista brasileiro Paulo Mendes da Rocha, 87 anos, receberá o Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza pelo conjunto de sua obra. A cerimônia de entrega do prêmio ocorrera dia 28 de maio, no Palazzo Giustinian, em Veneza, Itália.
Ao tomar a decisão, o Conselho de Diretores da Bienal, presidido por Paolo Baratta, acatou recomendação do curador atual do evento e arquiteto chileno Alejandro Aravena. Segundo o Conselho, entre outros pontos, “o atributo mais marcante de sua arquitetura é a atemporalidade”.
“Muitas décadas após serem construídos, cada um de seus projetos resiste ao avanço do tempo, tanto estilisticamente e fisicamente. Essa consciência estarrecedora deve ser a consequência de sua integridade ideológica e sua genialidade estrutural. Ele é um desafiador inconformado e, ao mesmo tempo, um realista apaixonado”, diz nota do colegiado.
O Colegiado ressaltou também as áreas interesse de Paulo Mendes da Rocha para além da Arquitetura, englobando temas políticos, sociais, geográficos, históricos e técnicos. “Ele tem sido um modelo para muitas gerações de arquitetos no Brasil, América Latina e em todos os lugares. É uma pessoa capaz de unir esforços compartilhados e coletivos, bem como alguém capaz de atrair outros para a causa de um melhor ambiente construído”.
Em entrevista ao jornal “O Globo”, Paulo Mendes da Rocha afirmou que — Para os arquitetos, esse talvez seja o prêmio mais encantador possível. A figura do leão alado, que compõe o troféu, é emblemática e muito linda. Eu nunca esperei ganhá-lo”. Leia mais sobre esse assunto aqui.
Paulo nasceu em Vitória (ES), em 25 de outubro de 1928. Formou-se em Arquitetura no ano de 1954 pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, e, no ano seguinte, abriu o próprio escritório. Faz parte de uma geração de arquitetos modernistas liderados por João Vilanova Artigas, preocupados com uma arquitetura”crua, limpa,clara e socialmente responsável”. Uma das características da chamada “Escola Paulista da Arquitetura brasileira” é a “verdade estrutural”, influenciada pelo brutalismo europeu, com uso do concreto armado aparente, grandes espaços abertos e estruturas racionais.
Entre seus projetos mais conhecidos, estão a reforma da Pinacoteca, uma intervenção no prédio de Ramos de Azevedo que resultou na instalação de enormes claraboias e uma circulação radical; o MuBE (Museu Brasileiro da Escultura), e o ginásio do Clube Atlético Paulistano, todos em São Paulo.
Entre outros, já foram premiados com o Leão de Ouro da Bienal de Veneza os arquitetos Álvaro Siza, Renzo Piano, Rem Koolhaas e Frank Gehry.
Uma de suas obras mais recentes, a primeira na Europa, é o Museu dos Coches, em Lisboa, cujo projeto ele doou à Casa da Arquitectura, localizada na cidade de Matosinhos.
Fonte: CAU/BR