Rodoanel volta a ser usado para descarte irregular de lixo
17 de março de 2015 |
Obra se encontra paralisada desde 2009; secretário critica “falta de consciência”
Quase dois anos após passar por uma grande limpeza promovida pelo Município, o Contorno Viário de Cuiabá (Rodoanel Mário Covas) voltou a ser usado como um “lixão alternativo” pela população. No lugar, restos de móveis e resíduos da construção civil, lixo doméstico e cabeamentos, pneus usados, caixas de papelão e garrafas pet voltaram a ser descartados às margens da rodovia, como vem ocorrendo anualmente, desde a paralisação da obra, em 2010.
A via possui cerca de 50 km e compreende as rodovias federais 070, 163 e 364 – começando na Comunidade do Sucuri e cruzando a antiga Estrada da Guia. O cenário atual retrata o descaso com que a obra inacabada vem sendo tratada pelo Poder Público.
Isso porque, a existência de montes de lixo nas margens da via, além de contribuir para piorar a paisagem do local, insinua a inexistência de fiscalização e limpeza do local e de punição para aqueles que usam a via – e se aproveitam de seu abandono – para descartar os resíduos de forma irregular, agredindo, sobretudo, o meio ambiente.
Além disso, as imagens mostram a realidade do asfalto da via em alguns trechos próximo da região da Guia, que apresentam diversas “panelas” e colocam em risco a vida dos motoristas que trafegam pelo local.
Este já é um problema recorrente visto que em outubro de 2011, alguns meios de comunicação noticiaram o descaso com o qual a via estava sendo tratada. A situação se agrava com o período de chuvas, uma vez que o local se torna propício à proliferação de doenças que colocam em risco a saúde da população.
Desvio de verba e bloqueio de bens
Com as obras paralisadas desde 2009, o Rodoanel Mário Covas se tratava de um projeto de uma nova Perimetral em Cuiabá. Antes prevista para custar R$ 42 milhões, as obras da Rodoanel tiveram apenas R$ 19 milhões liberados, o que permitiu a construção de apenas 8 km de asfalto. As suspeitas de desvio de verbas no valor de R$ 10 milhões resultaram na paralisação das obras.
No início deste ano, o juiz federal substituto Fábio Henrique Rodrigues decretou a indisponibilidade de bens do ex-prefeito de Cuiabá e deputado estadual Wilson Santos (PSDB), e dos ex-secretários durante a sua gestão, Adelson Gil do Amaral e Josué de Souza Junior, e das empresas Conspavi Construção e Participação Ltda. e Três Irmãos Engenharia Ltda, no montante de R$ 22,9 milhões.
A decisão atende a uma ação civil pública, por ato de improbidade administrativa, de autoria do Ministério Público Federal, e diz respeito a ressarcimento de dinheiro público gasto nas obras de implantação do Rodoanel.
Outro lado
À frente da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos – responsável pela limpeza e fiscalização do local, José Roberto Stopa afirmou estar ciente da situação no local e criticou o que chamou de “falta de conscientização da população”.
“Recebemos a denúncia de que estavam novamente descartando lixo irregularmente no local em dezembro e, desde então, as equipes de fiscalização têm feito blitz no Rodoavel, que culminou, inclusive, na apreensão de pelo menos dois carros em flagrante”, afirmou.
“Não encontro outra explicação para esclarecer a situação do Rodoanel que não seja a falta de consciência da população. Temos os locais corretos para o descarte e uma minoria que, para economizar R$ 40 ou R$ 50, prefere se arriscar a levar uma multa de até R$ 5 mil por despejar o lixo em local impróprio”, criticou.
Segundo Stopa, no período de 1 ano e três meses que se encontra à frente da pasta de Serviços Urbanos, três grandes limpezas foram realizadas nas margens do Rodoanel, mas o período atual de chuvas impede que o serviço seja feito a contento, devendo o Município esperar pelo fim desse período para realizar um novo mutirão na via. “Já agendamos para abril uma nova limpeza na Rodoanel, quando o tempo deve estar mais firme”, disse.
De acordo com o secretário, a fiscalização na região também é prejudicada pelo risco ao qual as equipes de fiscalização se expõe ao tentar apreender os carros usados para o descarte irregular e multar os infratores. “As pessoas jogam o lixo no local sempre no período noturno, o que dificulta a ação das equipes de fiscalização, até mesmo porque eles sofrem ameaças e os infratores evadem do local. Por isso, contamos com a parceria da Delegacia da Natureza e, sempre que eles possuem agentes livres para nos acompanhar, fazemos a fiscalização. Sem força policial, não dá”, afirmou.
Fonte: Mídia News