Projetado por Portocarrero, prédio sustentável é referência mundial
10 de abril de 2018 |
Desenvolvido com base nos princípios da arquitetura sustentável, o Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS), prédio construído entre 2008 e 2010, em Cuiabá, faz um resgate das culturas indígenas brasileiras. O projeto, assinado pelo arquiteto José Afonso Botura Portocarrero, foi projetado com base no conhecimento milenar indígena utilizado na construção de ocas.
Por todas estas características, ele venceu o prêmio BREEAM Awards 2018 como o melhor edifício sustentável das Américas e também venceu na categoria voto popular em março deste ano.
Os dois troféus foi concedido pela mais antiga empresa certificadora de construções sustentáveis no mundo, sediada em Londres. A BREEAM já avaliou mais de 250.000 edifícios em todo o planeta. Foram premiados 20 edifícios sustentáveis em várias categorias e países. Mas o maior destaque foi mesmo para o CSS, que foi o mais bem-avaliado pelo público, recebendo mais de 2.000 votos pelo site. “O CSS concorreu com outros cinco projetos norte-americanos, na categoria ‘Novas Construções Em Uso’, o que significa que a estrutura está em pleno funcionamento. Este é um fato importante, pois são ideias utilizadas na prática e é contemporânea”, destacou Portocarrero.
A solenidade de premiação integrou a programação do Ecobuild 2018, o maior evento de materiais para a construção sustentável do mercado mundial, realizado em Londres.
Características do Prédio
O formato do prédio aproveita a orientação do sol (nascente-poente), contemplando beirais que permitem o conforto térmico.
Em forma ogival como nos desenhos das casas indígenas, possui pé direito de 7,5 metros e tem sua aerodinâmica e sua cobertura projetadas em duas cascas (exterior e interior), espaçadas por cerca de 30 cm. Esta prática permite que a água da chuva permeie seu interior para resfriamento natural ao mesmo tempo em que a casca exterior protege a interior. O ar quente é encapsulado e possibilita temperatura interna mais baixa (até 10 graus em relação ao exterior) e constante em todo o pavimento térreo.
Possui um recuo frontal (espaço entre a rua e o térreo) de 10 metros, com o acesso feito por meio de uma passarela coberta, solução que se repete na ligação entre o térreo e a torre. Já o acesso entre o térreo e o subsolo é por meio de escadas (nas partes frontal e traseira) e de uma rampa para portadores de necessidades especiais. “Não foi um índio ou um arquiteto, mas gerações de indígenas que desenvolveram essas tecnologias, desde o desenho até os materiais de construção de uma estrutura de arquitetura bioclimática”, explicou Portocarrero.
Sendo referência nacional de prédio em uso, desempenha o papel de mapear inovações, técnicas e práticas sustentáveis no Brasil e no mundo, formula conteúdos exclusivos e mostra aos empresários que é possível ser mais rentável, reduzindo impactos no meio ambiente e contribuindo para um desenvolvimento social mais justo e igualitário.
O Centro Sebrae de Sustentabilidade abriga também o Espaço Interativo, um ambiente especialmente criado para promover experiências e conhecimentos práticos sobre sustentabilidade, aplicado à vida e aos negócios.
Sobre Portocarrero
Possui graduação em arquitetura e urbanismo pela Universidade Católica de Santos (1976), especialização em planejamento urbano pela Universidade de Dortmund – Alemanha (1985), mestrado em História pela Universidade Federal de Mato Grosso (2001) e doutorado em arquitetura e urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo-FAU/USP (2006). É Professor Associado I da Universidade Federal de Mato Grosso-UFMT. Atual coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas Tecnologias Indígenas – Tecnoíndia. Autor do livro Tecnologia indígena em Mato Grosso: habitação, contemplado no 25º Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira, São Paulo-SP (2011).
Simone Alves, Comunicação CAU/MT
Grande José Afonso.
Teu trabalho, teu esforço e dedicação que te levaram a passar tempos junto com os índios, dormindo nas ocas resultaram nesse prêmio merecido. Parabéns, caro colega. Tu és orgulho para o Mato Grosso.