Artigo: “Cidades (in)sustentáveis”, por Tânia Matos
18 de maio de 2017 |
O relatório preparado pela ONU, que foi usado para a Nova Agenda Urbana construída na III Conferência das Nações Unidas, que ocorreu em Quito, Equador em outubro de 2016 e tratou de Assentamentos Humanos, traz em seu conteúdo uma informação que podemos verificar diariamente em nosso cotidiano, a de que as cidades estão ocupadas em sua grande maioria de forma insustentável.
A falta de planejamento urbano que efetivamente integre todos os setores de uma cidade de forma articulada é um dos grandes vilões que as tornam urbanamente insustentáveis.
O processo de transformar cidades ocupadas de forma insustentáveis em sustentáveis, no que se refere a urbanização, e que afeta o desenvolvimento sustentável como um todo, é o grande desafio da atualidade. É um desequilíbrio que vem do passado causado pela urbanização acelerada e pela falta do planejamento urbanístico que acompanhasse todo esse processo de ocupação desordenada, disponibilizando principalmente infraestrutura de serviços básicos capaz de atender a demanda que esse processo causou.
Apesar das discussões sobre o tema da cidade insustentável ter nos últimos tempos conquistado espaço e destaque em seminários, palestras e eventos preparados especificamente para tratar do tema em várias partes do mundo, o assunto ainda é preocupante. Existe grande probabilidade de avançar para o futuro, afetando as novas gerações. É preciso ter clareza sobre qual a cidade que queremos para o futuro, e quais são as soluções para adequá-las. As propostas de soluções precisam acontecer pautadas no olhar sustentável que englobe todos os setores que compõe uma cidade, não podem acontecer de forma isolada, e em setores específicos.
O processo de urbanização acontece e vai continuar acontecendo, independente da vontade dos gerenciadores das cidades, e muitas vezes ele é imperceptível, e o setor responsável só percebe quando verifica que não está conseguindo atender as demandas que até então conseguia, e enquanto busca novas alternativas para atender a demanda percebida, outras continuarão chegando. Esse é o resultado da falta de planejamento, da falta de projeções para o futuro, baseadas em dados e números de estudos que direcionam e dão sustentabilidade para o planejamento. O planejar é investir em um futuro pautado no equilíbrio e no desenvolvimento sustentável como mecanismo facilitador da vida das pessoas.
Vivemos um momento histórico na Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá,
proporcionado pela elaboração do Plano Metropolitano, que apontará diretrizes para o planejamento integrado da Região. É o pensar articulado com foco em um futuro planejado para quase um milhão de pessoas que vivem na região.
Tânia Matos é arquiteta e urbanista, administradora, pós-graduada em gerência de Cidades, mestranda em Ensino, presidente da Agência Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá.
Essa publicação faz parte de um espaço cedido pelo CAU/MT para os profissionais submeterem artigos de opinião relacionados ao campo da arquitetura e urbanismo. O Conselho receberá artigos em fluxo contínuo e as publicações irão ao ar por ordem de recebimento. Para mais informações clique aqui.