“A moradia indígena é a primeira casa brasileira”, declara Portocarrero
19 de abril de 2024 |
Hoje, 19 de abril, celebramos o Dia dos Povos Indígenas, data que homenageia e valoriza as diversas etnias existentes no país. É também um momento para refletir acerca da importância desses povos na formação da cultura brasileira, assim como preservar sua história. A arquitetura e urbanismo pode se inspirar nos povos originários, ampliando seus conhecimentos a partir suas técnicas construtivas, materiais e soluções inovadoras.
“As aldeias indígenas são as primeiras cidades brasileiras”, destaca José Afonso Botura Portocarrero, arquiteto e urbanista, Conselheiro Federal do CAU/MT na Gestão 2021-2023 e professor titular aposentado da Universidade Federal do Mato Grosso (MT). Portocarrero dedicou trabalhos e pesquisas na área de Arquitetura Indígena.
É autor da obra “Tecnoíndia: Arquitetura, antropologia e tecnologias indígenas em Mato Grosso”, juntamente com a pela antropóloga aposentada pela UFMT Maria Fátima Roberto Machado, que reúne ao longo de mais de 20 anos de pesquisas e ensino sobre tecnologias e arquitetura indígenas.
As construções indígenas variam conforme uma série de fatores – como etnia, quantidade de pessoas, finalidade de uso, materiais disponíveis. Contudo, elas têm em comum a capacidade de se adaptar as diferentes condições do ambiente, além de ser um exemplo de modelo de sustentabilidade.
Arquitetura indígena em destaque
O Pavilhão do Brasil na 60ª edição da Bienal Internacional de Arte de Veneza, que será realizada de 20 de abril a 24 de novembro, na Itália, terá a arte indígena como destaque especial. Em evidência a mostra individual “Ka’a Pûera: Nós Somos Pássaros que Andam”, da artista Glicéria Tupinambá, primeira artista indígena a fazer uma exposição solo no pavilhão do país. A exposição terá curadoria de Arissana Pataxó, Denilson Baniwa e Gustavo Caboco Wapichana e cenografia da arquiteta Juliana Godoy.
A palavra “Ka’a Pûera” tem dois significados: remete às antigas florestas desmatadas pelos Tupinambá para o cultivo agrícola, capazes de se recuperarem naturalmente, ou à uma pequena ave que vive em matas fechadas e tem o poder se camuflar no ambiente. A partir da dupla reflexão, Glicéria traz a missão de recuperar cultural e materialmente a tradição dos mantos Tupinambá que foram levados e hoje são expostos em diferentes museus (ao todo existem 11 mantos espalhados pelo mundo) e aborda questões de marginalização, desterritorialização e violação dos direitos territoriais dos povos originários do Brasil.
Com informações do CAU/BR