Construções indígenas são a raiz da arquitetura
18 de abril de 2019 |
O Dia do Índio é celebrado anualmente no dia 19 de abril e serve para lembrar e reforçar a identidade do povo indígena brasileiro na história e cultura atual. Além disso, a data é importante, pois, sua criação visa a efetivação de políticas públicas para a preservação indígena.
Com a precariedade de dados sobre as culturas indígenas brasileiras, há grande dificuldade em relatar cada uma das comunidades existentes no território brasileiro. Apesar das inúmeras diferenças entre cada povo, há também diversas semelhanças, como o seu modo de viver, habitação, cultos religiosos, caça e sistemas construtivos.
A arquitetura nas aldeias é feita de modo vernacular, ou seja, se emprega apenas materiais e recursos do próprio ambiente para a construção. O modo de viver indígena é basicamente em ocas e malocas, com suas peculiaridades entre algumas etnias, mas sendo seus sistemas construtivos bem parecidos.
Conceitos e referências dos sistemas construtivos indígenas utilizados há mais de 300 anos, foram usados no Centro Sebrae de Sustentabilidade, localizado em Cuiabá, Mato Grosso. O projeto foi criado pelo arquiteto e urbanista José Afonso Botura Portocarrero e inspirado na arquitetura indígena, prezando pelo aproveitamento de recursos naturais e minimizando os impactos ambientais.
O professor José Portocarrero foi convidado pelo Sebrae para desenvolver o projeto por causa de seus estudos sobre as habitações indígenas em Mato Grosso. A volumetria do Centro Sebrae de Sustentabilidade faz lembrar uma oca, porém, adaptada ao terreno em aclive.
Com base nas casas indígenas, referências em bioclimática, o edifício se destaca pelo conforto térmico e utilização máxima da iluminação natural. Sua cobertura em duas cascas possibilita o resfriamento interno do prédio e a captação de água da chuva, que é filtrada e armazenada para uso na irrigação do jardim e lavagem de pisos.
Para o arquiteto e urbanista, José Portocarrero, o projeto do Centro Sebrae reflete as características da tecnologia indígena. “Temos que entender os desenhos de habitação indígena como tecnologia, não só um desenho curioso e interessantes que já passaram. Ele é mais que um desenho, é uma tecnologia que precisamos trazer para o nosso mundo atual, para as nossas necessidades”, comenta ele.
O projeto do Sebrae recebeu o prêmio BREEAM Awards 2018 como o melhor edifício sustentável das Américas e também venceu na categoria voto popular. O BREEAM Awards 2018 é concedido pela mais antiga empresa certificadora de construções sustentáveis no mundo, sediada em Londres.
Além disso, o projeto foi destaque na campanha de Dia do Arquiteto e Urbanista do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR). A campanha “Arquitetura e Urbanismo fazem diferença. E tornam a vida mais feliz”, buscou relacionar arquitetura e urbanismo com felicidade, autoestima, bem-estar e saúde.
“Essas casa indígenas estão aqui até hoje, elas persistem por conta de um esforço e sacrifício muito grande desses povos e é muito importante destacar isso no dia do índio. Precisamos lembrar que eles são brasileiros, são a nossa raiz, a casa indígena é a raiz da arquitetura, nossa arquitetura mais antiga”, destaca José Portocarrero.
No dia 24 de abril, o arquiteto e urbanista José Portocarrero, fará uma apresentação do Centro Sebrae de Sustentabilidade, na abertura da palestra “Arquitetura para novos tempos” promovida pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso. O arquiteto e urbanismo Guilherme Torres, ministrará a palestra principal no qual irá abordar sua experiência profissional.
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Saiba mais:
Lançamento oficial “Stronger Collection: Guilherme Torres Works”
Giovanna Fermam, Comunicação CAU/MT